segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Como Nasce uma Vocação – Parte II: Uma Caminhada para entender um Chamado!



Ao longo da minha história vocacional, uma caminhada de um pouco mais de cinco anos, começa-se por compreender melhor, alguns elementos importantes que brotam rios de águas vivas. Estes elementos constituem verdadeiros alicerces que vão se ampliando e se confirmando cada vez mais. Revivo-os sempre em momentos de dificuldades, de provação e também momentos alegres. São eles:


1. Encontro, chamado – Não há chamado sem encontro com Deus.
Este encontro é com o Deus Vivo e Concreto, que muito respeita nossa liberdade, além do simplesmente dizer “sim”, ou “não”. Se existe um destino pronto, qual seria o sentido desta liberdade? Não seria ela ilusória? Estaríamos presos a uma espécie de contrato ou obrigação a ser executada e prestada conta no final da vida. Precisamos purificar a nossa concepção de Deus e da maneira de como nos dirigimos e nos relacionamos com Ele, pois Ele não obriga seus filhos a carregarem fardos e a fazer sacrifícios. A vocação não pode ser uma ideologia “alienante”, não pode ser uma espécie de insanidade, patologia, não pode ser uma fuga do mundo, fuga da família, fuga das paixões e dos sentimentos, não pode ser algo que vise tirar ou privar nossa humanidade, tão frágil, limitada e inclinada aos erros, e que nos transforme em super homens ou pessoas “santas” e “perfeitas” num passe de mágica. Sem este convite amoroso, de Deus que chama, esta vocação será algo forjado, encenado, exercido superficialmente. O verdadeiro chamado e vocação não partem de nós, mas realmente da iniciativa de Deus que vê, sente, fala e age vindo em nosso auxílio. Dificilmente, será para todos, não por falta do convite amoroso de Deus, mas por depender posteriormente, da confirmação no coração e na vida de cada um, respondendo livre, e gratuitamente a este projeto de amor.



2. Resposta, uma Opção de Vida – Após este grande encontro, para que saibamos que a vocação trata-se para muitos ao nosso redor como uma “opção absurda”, que vai contra os normais anseios da vida, que tanto buscam realizações: afetivas, sexuais e a consumação das mais diversas formas de “prazer” em torno do TER, SER e PODER. Talvez alguém que pergunte e deseje compreender, possa levar uma vida inteira, amadurecendo, se adaptando e melhorando sua percepção acerca do mundo, de nós mesmos, do lugar que pertencemos das coisas que podemos fazer, dos lugares a serem frequentados com prudência, retidão e conformidade com nosso projeto de vida. Por certo, penso que a partir da minha experiência, o verdadeiro discernimento, pode também ocorrer através destas mesmas realidades. Conhecer os mais diversos lugares, explorar os mais variados sentimentos, pensamentos e vontades, superar a cada um destes, conhecer a si próprio ao ponto de finalmente, tomar uma decisão radical pelo que acreditamos ser maior, mais nobre, mais digno de um verdadeiro cristão.




3. Perseverança na Missão – Sabe-se que hoje, mais que em outros tempos, poucos são os que resolvem assumir tal missão, menos ainda são os que perseveram até o fim. Principalmente, tratando-se de algo que exija sacrifícios, renúncias e muita doação desinteressada. Por isso, é tão improvável ser algo, somente da iniciativa humana. Diferentemente dos jovens que em certa hora, resolvem optar por um curso universitário, e que depois dos primeiros períodos resolvem mudar totalmente de área. Levando-se em conta, que esta mudança é normal, mas também revela o grau de amadurecimento frente às dificuldades, às frustrações e decepções profissionais. Se não começamos desde cedo aprender a lidar com estas realidades, passaremos talvez a vida inteira, numa série de inconstantes escolhas e mudanças frequentes em nossas relações e em nossos estilos de vidas. Finalmente, na vida, o que aprendemos basicamente sobre o que é vocação, ao mesmo tempo, que ajuda a clarear nossas ideias, também acaba por limitando e esvaziando o sentido misterioso que por certo há neste grande encontro e chamado, nesta opção de vida e também na missão que assumimos no dia a dia, num relacionamento de puro amor, alegria e satisfação no servir e no doar-se aos irmãos e irmãs. Ajudando as pessoas que nós alcançamos a assumir também conosco a missão de construir um mundo mais justo, solidário e fraterno, para que o Reinado de Deus aconteça em tudo e em todos.

Carlos Eduardo Castro dos Santos
2º. Ano de Teologia – ITEPES/AM

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