segunda-feira, 2 de abril de 2012

"Vinde para a Luz! Levantai-vos!"


É com grande alegria pascal, que venho comunicar o que este ano vem a ser a experiência da Ressurreição do Senhor em minha vida e desejar uma Feliz Páscoa a todos os nossos paroquianos, amigos devotos que acompanham com carinho nosso Blog. A Ressurreição de Cristo deve ser aceita pela fé e compreendida no dia a dia como fato, e não algo ilusório, imaginativo ou meramente, simbólico. Certamente, ao mesmo tempo, em que temos a ressurreição como o grande ápice do mistério da nossa vida, muitos irmãos concentram todos os esforços em busca de “garantir” e “confirmar” esta realidade, a qual todos nós somos convidados, a já deixá-la transbordar em nossas vidas, hoje.
Vinde para luz!
Quer dizer, Páscoa “PASSAGEM”, “LIBERTAÇÃO” é um tempo de sairmos de nossos sepulcros caiados, envoltos em trevas: egoísmo, individualismo, cobiças, cegueiras, invejas, raivas, rancor, ódio, descrenças... E tudo o que foi acusado pela nossa consciência e pela nossa fé, e que deveríamos ter trabalhado nestes 40 dias de preparação, pois temos a grande dificuldade de reconhecer nossos próprios erros, pecados e injustiças que cometemos contra Deus, contra o próximo e até nós mesmos. Isto acontece quando não nos permitimos crescer, melhorar ou nos sentirmos mais felizes, ficando por muito tempo se lastimando, culpando e pagando por coisas velhas e passadas, que devem receber a grande força e vigor pascal, que é capaz de vencer até a morte. “Eis que faço novas todas às coisas” (Ap. 21,5)
Levantai-vos!
Permita meu irmão e minha irmã que Cristo seja a nossa principal força na vida e na caminhada, Ele é a possibilidade de nos libertarmos dos nossos cativeiros. Regatando em nós a graça batismal. Este tempo de quaresma por muitos dias em nosso Seminário São José, este texto ajudou-me a rezar melhor e a preparar-me com mais intensidade para esta grande festa da páscoa. Gostaria que partilhá-lo com vocês.

De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo (Séc.IV)
Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos. Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos. O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’
Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa. Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado. Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti. Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus. Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade. A descida do Senhor à mansão dos mortos (PG43,439.451.462-463)
Feliz Páscoa!
Carlos Eduardo Castro dos Santos
Seminarista Arquidiocesano

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